Muitas mães se questionam sobre quando levar seu filho ao odontopediatra, profissional especializado no atendimento de bebês e crianças...
Nos primeiros meses, quando os dentes ainda não nasceram, não há necessidade de limpeza da gengiva, principalmente se o bebê estiver realizando aleitamento materno – o que garante proteção bucal. Mas se a mamãe quiser limpar a boca do bebê em caso de refluxo, por exemplo, pode-se realizar a higienização uma vez ao dia com gaze enrolada no dedo e soro ou água filtrada.
A limpeza verdadeira somente precisará ser feita quando o primeiro dentinho despontar na cavidade bucal, em média, entre 6 e 8 meses. Estudos mostram que as escovas dentais são melhores do que as dedeiras de silicone, pois os dentes da frente já passam a acumular bactérias que aumentam o risco de cárie. A escova irá também massagear a gengiva para aliviar o desconforto causado pelo nascimento dos dentes.
É nesse período em que se orienta a usar mordedor de gel resfriado na geladeira. Ao ser mordido pelo bebê, o frio irá “anestesiar” sua gengiva e amenizar o incômodo. Essas recomendações muitas vezes são esquecidas pelo pediatra, mas o odontopediatra não deixa escapar. É importante saber também que febres e diarreias não estão diretamente relacionadas ao nascimento dos dentes. Por isso, caso aconteçam, procure um médico.
Mas, tão importante quanto essa limpeza, é a chance dos pais receberem do odontopediatra diversas orientações sobre a higiene bucal e os hábitos prejudiciais. Em alguns casos, há necessidade do bebê recém-nascido, com poucos dias de vida, visitar o especialista para, por exemplo, resolver alterações de freio lingual (que interfere no aleitamento materno), dentes que nascem antes do tempo, cistos, dentre outros problemas.
É nessa primeira ida ao dentista que nós fazemos um registro fotográfico do rosto e boca da criança para acompanhar o desenvolvimento ósseo e das arcadas a fim de observar possíveis alterações na cavidade bucal.
De acordo com estudos atuais, o uso de creme dental com flúor na quantidade de 1.000 ou 1.100 ppm é indicado e seguro desde o primeiro dentinho, desde que na quantidade adequada: o equivalente a meio grão de arroz até um aninho de idade, mas a frequência diária depende do risco de cárie, que é avaliada pelo odontopediatra.
O controle do uso de creme dental é importante, pois ingerir flúor em excesso não é saudável para os dentinhos. Ao longo do tempo, o flúor absorvido pelo organismo pode fazer com que os dentes permanentes nasçam com manchas. Portanto, a pasta sem flúor pode ser uma alternativa no cuidado diário da criança pela babá e/ou enviada à escola, por não ser possível fazer o controle apropriado.
Teste da Linguinha
A falta de um diagnóstico preciso no recém-nascido pode acarretar dificuldade de amamentação e, mais tarde, atrapalhar o desenvolvimento da fala...
Esses problemas são resultado de uma alteração do frênulo – membrana que conecta a língua ao assoalho da boca, responsável pela popularmente conhecida “língua presa”.
Para detectar esse problema, deve ser realizado o “teste da linguinha” por profissionais de saúde, entre os quais, o odontopediatra capacitado para tal. Porém, a avaliação dessa alteração passa muitas vezes despercebida em hospitais e só é detectada quando a criança já apresenta dificuldade para falar – o que pode tornar a fala imperfeita pelo resto da vida.
Por causa da relevância desse tema, recentemente foi sancionada a Lei intitulada “Teste da Linguinha”. Desde meados de 2014, todas as Maternidades do Brasil são obrigadas e realizar o Teste e indicar aos pais a necessidade cirúrgica ou não do frênulo (Lei 13.002/14).
Quando o problema é detectado, deve ser feita uma microcirurgia simples para cortar com exatidão o freio lingual, livrando da sua interferência. No entanto, é fundamental que esse procedimento seja realizado por um profissional com conhecimento detalhado da motricidade lingual de neonatos, assim como da anestesia e dos riscos operatórios.
Caso o hospital não faça o “teste da linguinha” nem a cirurgia necessária (que ainda não é obrigatório por lei), o odontopediatra capacitado pode efetuá-lo no consultório, dependendo das condições clínicas do bebê – e nossos profissionais do estão preparados para os dois procedimentos.